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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

REFÉNS NO RS CAMINHARAM 1 HORA E MEIA NA MATA, ATÉ ENCONTRAR POLICIAIS

Mudos, praticamente imóveis e, muitas vezes, sem a chance de ver absolutamente nada, muito menos de identificar os suspeitos. Assim foram boa parte das 20 horas, desde a madrugada de domingo (30), em que os nove reféns de um assalto a uma fábrica de joias em Cotiporã (RS) passaram, sob as ordens dos assaltantes. De acordo com um dos reféns, depois de deixarem o cativeiro, num mato próximo ao Rio das Antas, o grupo caminhou cerca de uma hora e meia em mata fechada até encontrar dois policias.

Traumatizados, os reféns preferiram não falar com a imprensa. Apenas um deles deu declarações, como um representante dos demais. De acordo com o administrador de empresas Willian Bernardi, 23 anos, os assaltantes estavam "tranquilos" e, embora tenham mandado os homens tirarem as roupas e ficar só de cuecas, não foram violentos. Só pediam silêncio absoluto. "À tarde, os bandidos foram embora, mas nós não tínhamos total certeza disso. Ficamos lá. Vimos que, depois, escureceu e eles não voltaram mais. A gente tinha medo. Mesmo assim, a gente resolveu sair. Fomos caminhando por uma hora e meia até encontrar a polícia", relata Willian.

Os policiais conduziram os reféns até suas casas. Por volta das 20h30min, a Brigada Militar foi formalmente avisada do resgate. Os reféns relataram que foram mantidos na mata por dois assaltantes. Os outros assaltantes ainda não foram encontrados.

Na chegada ao centro, pouco antes das 23h30, as seis viaturas com os reféns e os policiais foram aplaudidas pelos moradores do município de cerca de 4 mil habitantes. O Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Pousada dos Carreiteiros foi preparado para receber os reféns em Cotiporã. Duas ambulâncias foram levadas ao local. Os reféns desceram das viaturas caminhando.

Entre os reféns desaparecidos, havia duas jovens, de 21 e 23 anos, que estavam no bar em frente ao local do assalto e foram rendidas pelo grupo e levadas em um Astra ainda durante a madrugada. O veículo foi encontrado mais tarde pela polícia, na casa onde morava a família Buratti, de agricultores, que também foi feita refém - mais sete pessoas foram levadas. Na família, havia uma menina de 11 anos. Ao todo, eram seis mulheres, uma criança e dois homens.

Refém foi libertado após confronto com a polícia
O número de reféns poderia ser maior se o tiroteio entre a polícia e os assaltantes não tivesse ocorrido, no domingo. Ainda muito assustado, um dos reféns que foi liberado após a morte de três assaltantes relatou ao G1 os momentos de tensão vividos por volta das 2h. O homem, que pediu para não ser identificado, estava em um bar em frente à fábrica assaltada.
Cotiporã amanheceu sob forte aparato policial (Foto: Guilherme Pulita/RBS TV)

"Eles pegaram os reféns e botaram atrás de uma caminhonete (Fiat Strada roubado pelos assaltantes). A dona do carro saiu dirigindo. Colocaram a caminhonete no meio dos dois veículos deles e saíram em direção a Bento Gonçalves, em fuga. Aí encontraram a barreira da polícia. Todo mundo ficou apavorado, eu não sabia o que fazer. Ficamos no meio dos tiros", conta o refém. "Achei que ia morrer, não tinha como se proteger."

Durante o tiroteio três criminosos morreram e dois policiais militares foram baleados. "Depois que morreram os três assaltantes, ficou um que começou a negociar com a polícia. Ele foi embora depois de um tempo e deixou os reféns", detalha.

Busca aos assaltantes é intensificada
A Brigada Militar intensificou, na manhã desta segunda-feira (31), as buscas por integrantes do grupo criminoso que explodiu uma fábrica de joias em Cotiporã (RS), em ação realizada na madrugada de domingo (30). Segundo a Brigada, 80 novos policiais, vindos de Porto Alegre, Passo Fundo e da Serra Gaúcha, assumiram os trabalhos a partir das 8h no lugar do efetivo que trabalha desde o início do caso.
FOTOS: veja imagens do assalto

Também haverá o retorno do apoio aéreo, do uso de barcos e de cães farejadores. Durante a madrugada de segunda, a polícia focou em ações de construção de barreiras fixas e de patrulhamento, averiguando veículos que chegassem ou saíssem do município da serra gaúcha. Segundo o capitão Juliano Amaral, a movimentação de carros durante a madrugada foi muito pequena e nada foi encontrado. Com a luz do dia, a polícia vai priorizar a busca na mata da região.

"Pela manhã, melhora a logística. Vamos intensificar as incursões na mata. Pelo relato das vítimas, pelo menos três integrantes estão perdidos. Vamos vencê-los pelo cansaço. Temos que encontrá-los ou descartar essa opção. Não podemos deixar a população de Cotiporã sob esse risco", avisa o capitão, aoG1.

A Brigada Militar acredita que, no total, ainda há cinco foragidos armados com fuzis e muita munição. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, anunciou que fará uma visita a Cotiporã na terça-feira (1). Pretende almoçar com as pessoas que foram mantidas como reféns e levar solidariedade ao município.

Assalto foi durante a madrugada
Grupo armado usou reféns antes de explodir portas da fábrica de joias em Cotiporã. Uma das câmeras registrou a chegada (Foto: Reprodução)

Durante a madrugada deste domingo (30), um grupo explodiu uma fábrica de joias em Cotiporã. Em confronto com a polícia, três assaltantes foram mortos, incluindo o foragido número 1 do estado, Elisandro Falcão, líder da quadrilha.

Segundo a polícia, por volta das 2h deste domingo, Falcão e mais 9 homens armados detonaram a porta principal da fábrica de joias. O grupo levou dois sacos de joias do local. Um deles foi recuperado após a perseguição e a troca de tiros na saída da cidade.

Além dos criminosos, dois policiais foram atingidos e levados ao hospital. Um deles já recebeu alta e outro segue internado, mas não corre risco. Segundo a polícia, o bando fugiu em um Audi, um Astra e um Fiat Strada roubado, que foi usado para levar os reféns.

AUTOR: G1/RS

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