CHUVA DE 148mm DEIXA FORTALEZA (CE), DEBAIXO D'ÁGUA

Mesmo com as pequenas precipitações, moradores comemoraram a mudança de clima e renovam as esperanças em relação ao inverno FOTO: HONÓRIO BARBOSA

Um temporal surpreendeu os fortalezenses na manhã de ontem e mostrou, mais uma vez, como a cidade continua despreparada para lidar com as chuvas. De acordo com os dados das Plataformas de Coletas de Dados (PCDs) automáticas que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) acessa, na Capital, o maior registro de chuva aconteceu no bairro Edson Queiroz, com 148mm de precipitação entre 5h e 12h da manhã.

Um dos problemas causados pela chuva foi um deslizamento de terra no Morro de Santa Teresinha, que bloqueou o trânsito na Av. Abolição por cerca de duas horas, próximo ao Iate Clube. O muro de contenção construído pela Prefeitura não conteve a erosão, que jogou areia na pista, além de levar aflição para os moradores com a possibilidade de desmonte das casas.

Equipes Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb) foram mobilizadas para o desbloqueio da via, utilizando uma máquina retroescavadeira. Por volta das 10h30, os serviços de limpeza permitiram a fluidez do tráfego. Ainda no Morro, a chuva provocou desmonte de barracos, e o medo dos moradores aumentava com os riscos de choque elétrico.

No Hospital Geral de Fortaleza (HGF), alguns setores sofreram alagamento, conforme imagens enviadas para a redação.


Isolamento

A assessoria de comunicação do hospital informou, por meio de nota, que algumas alas da Emergência Obstetrícia foram isoladas para evitar o comprometimento dos equipamentos. Ainda segundo a nota, o setor administrativo também foi atingido pelos alagamentos, mas sem prejuízos consideráveis.

De acordo a gerente do Controle de Tráfego de Área em Fortaleza (CTAfor), Juliana Coelho, 16 semáforos ficaram desligados em decorrência da chuva, a maioria deles, concentrados nas regiões da Aldeota e Meireles. Até as 11h30, seis semáforos já haviam sido consertados, enquanto os outros dez passavam pelos reparos da Coelce. A previsão, segundo a gerente do CTAFor, era de que os aparelhos voltassem a funcionar até as 12h.

Na Avenida Antônio Sales, pelo menos três postes caíram. Os equipamentos com fiação subterrânea ficam nas proximidades da Avenida Engenheiro Santana Júnior. Além de comprometer a energia do local, a queda causou estragos nas calçadas e no meio-fio, gerando buracos e provocando riscos para os pedestres. Os equipamentos fazem parte do novo projeto de iluminação da Prefeitura de Fortaleza


O túnel da Av. Rogaciano Leite, que dá acesso à Av. Engenheiro Santana Júnior, ficou alagado durante a chuva de ontem. A água chegou a ficar acima do para-choque dos veículos. No local, um ônibus de linha quebrou, depois de ficar inundado pela água, e acabou comprometendo o trânsito da região.

De acordo com a Funceme, a chuva deste sábado foi provocada pela combinação de dois sistemas atmosféricos: um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, típico da pré-estação chuvosa, e as chamadas Ondas de Leste, que costumam atuar em junho e julho, mas tiveram a ação antecipada. O órgão esclareceu, ainda, que a precipitação do sábado não tem relação com a quadra chuvosa no Ceará, cuja previsão aponta 55% de chances de chuvas abaixo da média, que é de 412mm.

Volume de água é preocupante

Apesar do temporal e da previsão de mais chuvas no Estado, a situação dos açudes que abastecem Fortaleza e Região Metropolitana continua preocupante. Segundo boletim da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) atualizado neste sábado, às 10h28, 123 açudes em todo o Estado do Ceará estão com volume inferior a 30% e nenhum sangrando.

Dos 19 açudes que abastecem a bacia metropolitana, apenas o Gavião, localizado no município de Pacatuba, apresenta volume acima de 90%.

Dois, dos cinco principais açudes desta bacia, responsáveis pelo abastecimento de água em Fortaleza, também apresentam índices baixos: é o caso do Riachão, localizado em Itaitinga, e Pacoti, em Horizonte, estão com 32,6% e 29,1%, respectivamente. Já o Pacajus está com 20%, e o Aracoiaba, atinge apenas 26% da capacidade.

Chuva em 33 cidades traz esperança aos agricultores

A Fundação Cearense de Meteologia registrou chuvas, na manhã de ontem, em 33 municípios cearenses. As maiores precipitações ocorreram em Crateús, Maracanaú e Campos Sales. Em algumas cidades, a mudança do tempo trouxe esperança de uma quadra invernosa mais favorável. Segundo o meteorologista Leandro Valente, o ciclo chuvoso deve permanecer também no dia de hoje.

Para a Funceme, o fenômeno, que começou na noite de sexta-feira passada, não funciona como indício da qualidade da quadra chuvosa na região para este ano. Nos Sertões de Canindé, mesmo com as pequenas precipitações, os moradores comemoraram a mudança de clima e renovam as esperanças em relação ao inverno.

Na Fazenda Monte Orebe, a cinco quilômetros da sede, as chuvas foram mais intensas. Demorou 23 minutos o suficiente para alterar o clima e deixar a terra bem molhada. Para a professora Sandra Maria da Silva, que reside no local, isso deixa o sertanejo esperançoso.

Voltou a chover em Crateús, na região Centro-oeste do Estado, na noite desta sexta-feira, dia 2. Foram registrados 47mm, a maior precipitação do dia, no Ceará, de acordo com a Funceme. O coordenador municipal da Defesa Civil, Teobaldo Marques, disse a chuva foi acompanhada de ventos, muitos trovões e relâmpagos, mas não houve dano físico. 

Na madrugada do último dia 31, uma chuva acompanhando de ventos fortes destruiu a cobertura de uma quadra esportiva que estava em construção na localidade de Santana, zona rural do município de Crateús. A queda da estrutura metálica derrubou também parte do muro do ginásio de esportes.

Maiores chuvas

1) Crateús: 47.0 mm
2) Maracanaú: 43.0 mm
3) Campos Sales: 41.6 mm
4) Maranguape: 38.8 mm
5) Nova Russas: 38.5 mm
6) Pacatuba: 33.2 mm
7) Guaiúba: 28.0 mm
8) Mauriti: 20.0 mm
9) Independência: 19.2 mm

AUTOR: DN